PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO – PARTE 2

Grupos religiosos judaicos1

 

Quando, depois da conquista de Alexandre, os helenistas mudaram o pensamento do Oriente Próximo, alguns judeus apegaram-se mais firmemente que nunca à fé dos seus antepassados, enquanto outros se mostraram dispostos a adaptar o seu modo de pensar às ideias mais recentes vindas da Grécia. O conflito entre o helenismo e o judaísmo acabou por dar origem a várias seitas judaicas.

 

Fariseus

Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que lutaram contra os helenistas no tempo dos primeiros macabeus. É provável que o nome fariseus, “separatistas”, lhes tenha sido dado por seus inimigos para indicar que eles eram dissidentes. Também é possível que fosse usado com desprezo devido à rigidez de sua separação dos compatriotas judeus e dos pagãos. A lealdade à verdade por vezes produz orgulho e até mesmo hipocrisia, e foi justamente essa distorção dos primeiros ideais farisaicos que Jesus condenou. Paulo considerou-se um membro do grupo ortodoxo dentro do judaísmo de sua época (Fp 3.5).

 

Saduceus

O partido saduceu, que provavelmente recebeu esse nome por causa de Zadoque, sumo sacerdote nomeado por Salomão (1Rs 2.35), negava a autoridade da tradição e considerava suspeita qualquer revelação posterior à lei mosaica. Eles repudiavam também a doutrina da ressurreição e não acreditavam na existência de anjos ou de espíritos (At 23.8). A maioria deles era de homens abastados que ocupavam cargos importantes e cooperavam de bom grado com o helenismo de sua época. No tempo do NT, controlavam o sacerdócio e o ritual no templo. As sinagogas, no entanto, eram os baluartes dos fariseus.

 

Essénios

O movimento essénio foi uma reação ascética ao formalismo dos fariseus e ao mundanismo dos saduceus. Os essénios se separavam da sociedade para viver de modo ascético e celibatário. Ocupavam-se da leitura e do estudo das Escrituras e da oração e atentavam para as purificações cerimoniais. Os bens não eram individuais, mas comunitários, e os membros dessas comunidades eram conhecidos por sua dedicação e piedade. Seus princípios condenavam tanto a guerra quanto a escravidão.

A maioria dos estudiosos acredita que o mosteiro de Qumran, próximo das cavernas onde foram encontrados os papiros do Mar Morto, era um centro essénio no deserto da Judéia. De acordo com relatos dos papiros, membros da comunidade haviam deixado as influências corruptas das cidades da Judéia e se dirigido para o deserto a fim de preparar “o caminho do Senhor”. Acreditavam no Messias que estava por vir e se consideravam o verdadeiro Israel para o qual ele viria.

 

Escribas

Estritamente falando, os escribas não constituíam uma seita, mas os membros de uma classe profissional. A princípio, eram copistas da lei. Com o tempo, passaram a ser considerados autoridades no que se referia às Escrituras e, por isso, começaram a exercer a função de mestres. Suas ideias geralmente assemelhavam-se às dos fariseus, com os quais eles são associados com frequência ao longo do NT.

 

Herodianos

Acreditavam que o melhor para o judaísmo era cooperar com os romanos. A denominação origina-se de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a palestina da sua época. Os herodianos eram mais um partido político do que uma seita religiosa.

A opressão política romana, simbolizada por Herodes, e as reações religiosas expressas pelos sectários de oposição dentro do judaísmo pré-cristão muito contribuíram para a formação do contexto histórico em que Jesus veio ao mundo. As frustrações e os conflitos prepararam Israel para o advento do Messias de Deus na “plenitude do tempo” (Gl 4.4).

 

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1Adaptado do texto “From Malachi to Matthew” [“De Malaquias a Mateus”] de Charles F. Pfeiffer; Moody Bible Institute of Chicago, © 1962. In A Bíblia Anotada Expandida – Charles C. Ryrie, p. 897-900.


Bibliografia