MATEUS

Autor  Mateus

Nem a canonicidade e nem o facto de este Evangelho ter sido escrito por Mateus foram desafiados pela Igreja primitiva. Eusébio (c. 265-339 d.C.) cita Orígenes (c. 185-254 d.C.): “Entre os quatro Evangelhos, que são os únicos indiscutíveis na igreja de Deus debaixo do céu, aprendi pela tradição que o primeiro foi escrito por Mateus, que havia sido publicano, mas que posteriormente tornou-se apóstolo de Jesus Cristo, e foi preparado para os convertidos do judaísmo”. (in História Eclesiástica, 6:25)

Data Entre 60 e 70 d.C.

Verso  “O Messias em Mateus é rejeitado; O Rei, sem o reino, como foi profetizado.”

Versículos chave 1.1; 16.16-19; 27.37; 28.18-20

Propósito Eventos e ensinos selecionados do ministério público e particular de Jesus foram registados para provar a uma audiência judaica que Jesus de Nazaré era o Messias prometido de Israel, e para esclarecer o programa divino para o Reino nesta presente era, à luz da ultrajante rejeição do Rei-Messias por Israel.

Mensagem A rejeição do Rei dos judeus estende as bênçãos do Reino prometido a todas as nações na expectativa de seu estabelecimento definitivo.

Contribuição para o Cânon (Porque este livro está na Bíblia?)

  • Mateus é o livro de transição entre o AT e NT. Escrito para os judeus, cheio de citações e genealogias do AT, mostra como Deus cumpriu muitas das alianças do AT.
  • Desenvolve os temas do Reino, da Igreja e da expansão destes como resposta às dúvidas dos judeus.
  • Para Mateus, Jesus é o centro de tudo, e aqueles que O seguem não apenas proclamam a vinda do reino – a vinda da misericórdia de Deus aos pecadores – mas deles também se espera que vivam como ele (7.15-23). E quando eles têm êxito na sua própria proclamação do reino, especialmente entre os gentios, devem fazer deles discípulos, ensinando-os a observar o caminho de Jesus (28.19,20), tanto na sua vida individual (caps. 5-7) como em suas comunidades eclesiais (cap. 18). Ao que tudo indica, Mateus pretendia que esse Evangelho servisse como o manual para essa instrução!

Esboço 

  1. A Prova da “Realeza” do Messias-Rei: Sua Ressurreição (28)
  2. Perseguição (oposição) ao Messias-Rei evidenciada (11.2-16.12)
  3. A Preparação dos discípulos do Messias-Rei (16.13-20.28)
  4. A Paixão e rejeição do Messias-Rei (20.29-27.66)
  5. O Poder do Messias-Rei Revelado (8.1-11.1) – 10 milagres (autoridade sobre o universo, a doença, os demónios, a morte e a natureza)
  6. As Profecias do Messias-Rei Cumpridas (1.1-4.11)
  7. As Proclamações do Messias-Rei Divulgadas (4.12-7.29)

Pontos notáveis

  • Mateus, que significa “presente do Senhor”, era o outro nome de Levi (9.9), o publicano que deixou tudo para seguir a Cristo (Lc 5.27-28).
  • Mateus foi um dos 12 apóstolos (10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13).
  • O tom judaico do Evangelho de Mateus é notável.
  • A probabilidade de que o público de Mateus fosse predominantemente judaico fica ainda mais evidente a partir de diversos factos:
    • Mateus normalmente cita o costume judaico sem explica-lo, em contraste com os outros Evangelhos (cf. Mc 7.3; Jo 19.40).
    • Ele refere-se constantemente a Cristo como o “Filho de Davi” (1.1; 9.27; 12.23; 15.22; 20.30; 21.9,15; 22.42,45).
    • Mateus respeita a sensibilidade judaica em relação ao nome de Deus, usando a expressão “reino dos céus” (32 vezes) onde os outros evangelistas falam do “reino de Deus”.
  • Este Evangelho faz mais de 60 citações de passagens proféticas do AT, enfatizando como Cristo é o cumprimento de todas elas.
  • Todos os principais temas do livro estão baseados no AT e são abordados sob a luz das expectativas messiânicas de Israel.
  • A genealogia de abertura é feita de modo a apresentar as credenciais de Cristo como rei de Israel, e o restante do livro completa esse tema. Mateus mostra que Cristo é o herdeiro da linhagem real.
  • Mateus regista cinco grande sermões (discursos): 1. O sermão do monte (caps. 5-7); 2. O comissionamento dos apóstolos (cap. 10); 3. As parábolas sobre o reino (cap. 13); 4. Um sermão sobre a semelhança do crente com uma criança (cap. 18) e 5. O sermão sobre a sua segunda vinda (caps. 24-25). Cada sermão termina com alguma variação da frase “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras” (7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1).
  • A rejeição ao Messias de Israel é outro tema constante de Mateus. Em nenhum outro Evangelho os ataques contra Jesus são retratados de maneira tão forte como aqui.
  • Mateus 28.20 “estou convosco” – existe aqui um tocante eco do início do Evangelho de Mateus. Emanuel (1.23), “que quer dizer: Deus connosco”, permanece connosco “todos os dias até à consumação do século” – isto é, até que Ele volte corporalmente para julgar o mundo e estabelecer o seu reino na terra.

Bibliografia