FORMAÇÃO DOS EVANGELHOS SINÓTICOS
Sobre a formação de todos os evangelhos podemos considerar a seguinte equação:
Fonte oral + fonte escrita + testemunho pessoal (em alguns casos) = evangelho
Sobre os evangelhos sinóticos, existem várias sugestões do processo de formação. Isto se deve às semelhanças observadas entre Mateus, Marcos e Lucas, o que leva a se supor que um tenha utilizado o escrito do outro, ou que tenham tido acesso às mesmas fontes.
Uma das hipóteses das fontes apresenta o evangelho de Marcos como o primeiro a ser escrito. Além deste, sugere-se haver também uma fonte denominada “Q”, contendo relatos sobre a vida de Cristo. Mateus e Lucas teriam então se utilizado do evangelho de Marcos e da fonte “Q” para produzirem seus evangelhos. Teriam também usado material exclusivo. Mateus teria tido acesso a uma fonte “M” exclusiva e igualmente Lucas a uma fonte “L”.
Assim, os relatos comuns entre Mateus, Marcos e Lucas, seriam material original de Marcos. Os relatos comuns entre Mateus e Lucas e desconhecidos por Marcos seriam o conteúdo da fonte “Q”. O material exclusivo de Mateus seria da fonte “M” e o material exclusivo de Lucas seria da fonte “L”. Contudo, existem muitas dúvidas sobre a existência dessas fontes (Q, M, L) e se elas seriam escritas ou orais. Sobre a fonte “Q”, por exemplo, existe a hipótese de que a mesma não tenha existido, mas que todo esse material tenha sido transferido de Mateus para Lucas ou vice-versa.
Marcos possui 678 versículos. Mateus possui 1071 no total. Destes, 600 versículos correspondem a 606 de Marcos, ou seja, Mateus faz as mesmas narrativas de modo quase idêntico. Mateus possui 300 versículos exclusivos (M). Os outros 171 podem ter vindo da fonte “Q” e encontram semelhança com parte de Lucas.
Lucas possui 1151 no total. Destes, 380 versículos correspondem a 280 de Marcos, ou seja, Lucas faz as mesmas narrativas de modo mais extenso. Lucas possui 520 versículos exclusivos (L). Os outros 251 podem ter vindo da fonte “Q” e encontram semelhança com parte de Mateus.
Isolando-se o material atribuído à fonte “Q”, obtém-se um escrito semelhante ao estilo profético do Velho Testamento. Seriam partes referentes a João Batista, o batismo, a tentação, muitos ensinos, pouca narrativa, e nada sobre a morte de Cristo.
Nota (Bíblia de Estudo MacArthur): Até mesmo uma leitura superficial de Mateus, Marcos e Lucas revela tanto semelhanças notáveis (cf. 2.3-12; Mt 9.2-8; Lc 5.18-26) quanto diferenças significativas, como a visão da vida, do ministério e do ensino de Jesus em cada livro. A questão de como explicar essas semelhanças e diferenças é conhecida como o “problema sinótico” (sin significa “junto” e ótico significa “ver”). A solução mais simples para o problema sinótico é que esse problema não existe! Uma vez que os críticos não podem provar a dependência literária entre os autores dos Evangelhos, não há necessidade de explicá-la. A visão tradicional de que os autores dos Evangelhos foram inspirados por Deus e escreveram independentemente uns dos outros – exceto pelo facto de todos os três terem sido movidos pelo mesmo Espírito Santo (2Pe 1.21) – permanece como a única visão plausível.
Símbolos dos Quatro Evangelhos
A tradição cristã ligou os autores dos quatro Evangelhos canônicos, desde há muito tempo, com as quatro “criaturas” viventes que cercam o trono de Deus, como descritas em Apocalipse 4.7:
Nota: Estes quatro pequenos vitrais estão localizados perto do altar da Paróquia de Clemência, Cidade de Daly, CA.
Porém, em várias tradições são achadas quatro criaturas divinas em diferentes textos bíblicos:
- Ezequiel 1.1-14: visão de quatro criaturas divinas: ser humano, leão, boi, águia.
- Ezequiel 10.1-22 – visão de trono de querubim: querubim, ser humano, leão, águia.
- Daniel 7.1-8 – visão de quatro bestas que representam quatro impérios: leão, urso, leopardo, quarta besta terrível com dentes férreos, e dez chifres.
Além disso, escritores cristãos ligaram os quatro evangelhos com as quatro criaturas viventes em várias combinações:
As quatro “criaturas” viventes (que não devem ser confundidas com outras “bestas” do Livro de Apocalipse) têm capturado as imaginações de artistas cristãos ao longo dos séculos.

