ÊXODO
Autor Moisés
Data Entre 1445 a.C. e 1406 a.C.
Frase Chave Saindo do Egipto (“Redenção”)
Verso “Com Êxodo vem redenção e leis para santificação”.
Versículos chave 19.4-6 (3.14; 18.10-11)
Propósito Descrever o nascimento da Nação de Israel que eventualmente traria bênção ao mundo, para combater a idolatria e revelar a identidade do Senhor.
Mensagem A preservação do relacionamento entre YHWH e Israel como nação escolhida exigia a libertação do povo do cativeiro e sua obediência corporativa a Ele mediante as estipulações da aliança mosaica.
Personagens em destaque Moisés, Arão, Faraó
Contribuição para o Cânon (Porque este livro está na Bíblia?)
- Traça o começo da Nação de Israel
- O grande livro do AT sobre Redenção
- Revela a fidelidade de Deus à sua aliança com Abraão
- Estabelece padrões de conduta e um alicerce de doutrina para o NT (redenção, santificação, Páscoa, sacrifício)
Esboço
- Redenção (1-18)
- Opressão de Israel (1)
- Preparação do Líder (2-6)
- Pragas e Redenção (7-12)
- Preservação no deserto (13-18)
- Revelação da Aliança Mosaica (19-40)
- A Lei (19-24)
- O Padrão do Tabernáculo (25-31)
- Idolatria – Aliança Quebrada (32-34)
- A construção do Tabernáculo – Aliança Cumprida (35-40)
No Pentateuco, considerado como um todo, há apenas cinco temas principais – a promessa de Deus aos patriarcas; o êxodo; a auto-revelação de Deus na aliança e na lei, no Monte Sinai; a longa jornada pelo deserto; a entrada em Canaã. Três desses cinco temas são tratados extensivamente no livro do Êxodo.
Relevância do livro de Êxodo
É difícil afirmar que livro se constitui no centro, no coração do AT, mas, certamente, é difícil igualar os méritos de Êxodo. Para os que consideram a teologia essencialmente uma narrativa dos atos redentores de Deus, Êxodo 1-15 dá o supremo exemplo, em torno do qual todo o restante da narrativa bíblica pode ser incorporado. Para os que consideram o AT um produto da vida devocional da comunidade, no coração do livro de Êxodo se encontra o relato da instituição da Páscoa, a maior e mais característica das festas de Israel. Sem dúvida, a narrativa de Êxodo pode ser vista como a explicação da origem daquela festa, recitada ou lida em voz alta durante sua celebração. Para os que vêem a Tôra, a Lei de Deus, como o centro da vida e do pensamento do Israel bíblico, Êxodo contém a doação da lei e o próprio cerne da lei sob a forma dos Dez Mandamentos.
Para escritores israelitas mais recentes, com interesses sacerdotais, que viam a continuidade da adoração no templo como um dos pilares do universo, Êxodo continha o relato da construção do Tabernáculo, o precursor do templo. Ao mesmo tempo, não eram apenas os sacerdotes que olhavam para o passado, venerando Moisés e Arão. Moisés também se sobressai como o protótipo de todos os profetas em Israel (Dt 18.18) e os profetas mais recentes, embora cheguem a sondar de perto a mente e os propósitos de Deus, foram, em essência, reformadores, procurando voltar ao espírito da revelação mosaica e à experiência salvadora de Israel ao ser libertado do Egipto.
É natural, portanto, que o êxodo do Egipto, interpretado na fé israelita como o exemplo supremo da graça, fidelidade e poder de Deus, tenha dominado completamente o pensamento de Israel nos séculos subsequentes. O êxodo chegou a eclipsar, por um longo período da história de Israel, os grandes eventos da Criação e do período patriarcal, embora, tanto o poder criativo de Deus e Sua promessa a Abraão estejam relacionados ao êxodo e até mesmo “cumpridos” nele, em parte. Nem mesmo a promessa posterior à linhagem de Davi (2Sm 7.5-17) foi capaz de obliterar a memória da libertação do cativeiro no Egipto (cativeiro que durou 430 anos – cf. Ex 12.40-41). Pelo contrário, o êxodo tornou-se um modelo ao qual se comparavam outras libertações. Quando os exilados voltaram da Babilónia, não foi motivo de espanto que tal retorno fosse encarado como um segundo êxodo, ainda mais impressionante (Jr 23.7-8), uma outra partida de um outro Egipto.
Se de facto o êxodo e, portanto, o livro do Êxodo, era precioso para o judeu, tornou-se duplamente precioso para o crente. Quando Moisés e Elias apareceram conversando com Cristo sobre Sua morte que estava próxima, na narrativa da transfiguração, o evangelista deliberadamente usa a palavra grega ἕξοδος [exodos] para descrever essa morte (Lc 9.31). Paulo torna essa identificação bem específica ao chamar Cristo de “nosso cordeiro pascal” (1Co 5.7). João, em seu estilo alusivo, sugere essa mesma identificação ao enfatizar que nenhum osso de Cristo fora quebrado na cruz (Jo 19.33,36), tal como osso algum do cordeiro pascal podia ser quebrado (12.46). Daí por diante, em todo o NT, as alusões se multiplicam. A Páscoa dava início à “festa dos pães asmos” que durava uma semana: assim, o crente deve comer seu “pão asmo” de sinceridade e verdade, livre da corrupção do pecado (1Co 5.6-8).
Prova de que essa associação do Êxodo com a redenção não foi uma invenção posterior da Igreja, surgindo porém da mente do próprio Cristo, é a maneira em que, conforme relatado por Paulo, Ele considerava Sua morte como o sacrifício da nova aliança (1Co 11.25), selando com sangue a nova aliança de Deus, tal como no distante passado do livro de Êxodo o sangue havia selado a antiga aliança entre Deus e Israel (24.6). Se a antiga aliança havia levado à lei, esta nova aliança, profetizada por Jeremias (Jr 31.31), levaria à lei do amor, explicada em detalhes em muitas epístolas do Novo Testamento (Rm 13.8, por exemplo).
Seja qual for o ângulo sob o qual estudemos o livro de Êxodo, seus grandes temas, bem como o resto da “Velha Aliança” (que deriva seu nome de factos narrados em Êxodo), foram cumpridos e não abolidos em Cristo (Mt 5.17). É por isso que, quando o canto dos remidos ressoa nos céus, tem como título o “cântico de Moisés e do Cordeiro” (Ap 15.3). Nenhum outro livro, portanto, dará melhor recompensa a um estudo cuidadoso se desejarmos entender a mensagem central do NT do que Êxodo, que é o núcleo do AT e relato do estabelecimento da Velha Aliança.1
Outros Nomes
Em sua adversidade, o povo da aliança clamava a Deus pelo seu nome familiar, “nosso Pai” [אָבִינוּ] (Is 63.16; 64.8). Jesus convida a todos que se chegam a Deus por seu intermédio a chamar Deus de “nosso Pai” [πάτερ ἠμῶν] ou “Aba” [ἀββα] (Mc 14.36; Rm 8.15; Gl 4.6).
Entre outras designações de Deus estão “a Rocha” [צוּר] (1Sm 2.2; 2Sm 22.47); Pastor [רֹעֶה], [poimhvn] (Is 40.11; Jr 31.10; Sl 23.1, Jo 10.11-14) e Rei [מֶלֶך] (Sl 5.2; 24.7,10).
1 Cole, R. Alan. Êxodo – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996, p.16
ARA Almeida Revista e Actualizada