Atos
Autor Lucas
Considerando-se que o Evangelho segundo Lucas foi o primeiro livro endereçado a Teófilo (Lc 1.3), é lógico concluir que Lucas também é o autor de Atos, embora o seu nome não seja mencionado em nenhum dos livros. Os escritos dos primeiros pais da igreja, tais como Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Orígenes, Eusébio e Jerónimo afirmam a autoria de Lucas, e o mesmo acontece com o Cânon Muratoriano (c. 170 d.C.).
Data 61 – 63 d.C.
Verso “Em Atos o Espírito espalha salvação, dos judeus aos povos de cada nação!”
Versículos chave 1.8; 28.30-31
Propósito Validar a missão gentílica como a continuação legítima da mensagem do reino segundo a promessa e o poder do Rei.
Mensagem A mensagem soberana do Reino iniciada por Jesus encontra culminação autorizada em sua proclamação por todo o mundo gentio.
Contribuição para o Cânon (Porque este livro está na Bíblia?)
- Mostra o que Jesus continuou a fazer na terra através do ministério do Espírito Santo, O Consolador que Ele havia prometido. Jesus prometeu edificar a Sua Igreja em Mt 16.18, e em Atos, Ele cumpriu a Sua promessa. (Para outras referências a este ministério de Jesus no livro de Atos, ver 2.36; 4.10; 5.40; 7.55; 9.5).
- Revela a dinâmica do Espírito Santo com a vida da Igreja.
- É o livro de transição entre os evangelhos e as epístolas.
- Dá o pano de fundo histórico de várias das epístolas de Paulo, e demonstra a autoridade deste apóstolo que escreveu 13 livros no NT:
- Mostra como o Evangelho continua a crescer no mundo apesar das forças hostis que sempre se opõem.
Esboço
- O Cristianismo em Jerusalém (1.1-8.3)
- O Senhor Exaltado (1.1-26)
- O Senhor confirma (1.1-5)
- O Senhor comissiona (1.6-11)
- O Senhor complementa (1.12-26)
- Pentecostes: O Nascimento da Igreja (2.1-47)
- O Poder do Pentecostes (2.1-13)
- A Pregação do Pentecostes (2.14-36)
- Os Resultados do Pentecostes (2.37-47)
- A Cura do Paralítico (3.1-26)
- O Milagre (3.1-11)
- A Mensagem (3.12-26)
- O Começo da Perseguição (4.1-37)
- A Perseguição (4.1-22)
- A Oração (4.23-31)
- A Provisão (4.32-37)
- Purificação e Perseguição (5.1-42)
- Purificação Interna (5.1-11)
- Purificação Externa (5.12-42)
- A Convocação de Colaboradores (6.1-7)
- Estêvão, o Primeiro Mártir (6.8-8.3)
- A Agitação do Povo (6.8-15)
- A Pregação de Estêvão (7.1-53)
- O Apedrejamento de Estêvão (7.54-8.3)
- O Senhor Exaltado (1.1-26)
- O Cristianismo na Judeia e Samaria / Palestina e Síria (8.4-12.25)
- Os Cristãos Dispersos (8.4-40)
- A Pregação em Samaria (8.4-25)
- A Pregação na Estrada de Gaza (8.26-40)
- A Conversão de Saulo (9.1-31)
- O Relato da Conversão (9.1-19)
- O Resultado do Conversão (9.20-31)
- A Conversão de Gentios (9.32-11.30)
- A Preparação de Pedro (9.32-10.22)
- A Pregação de Pedro (10.23-48)
- A Defesa de Pedro (11.1-18)
- A Igreja em Antioquia (11.19-30)
- Os Cristãos Perseguidos por Herodes (12.1-25)
- A Morte de Tiago (12.1-2)
- A Prisão e Libertação de Pedro (12.3-19)
- A Morte de Herodes (12.20-23)
- A Disseminação da Palavra (12.24-25)
- Os Cristãos Dispersos (8.4-40)
- O Cristianismo até aos Confins da Terra (13.1-28.31)
- A Primeira Viagem Missionária (13.1-14.28)
- Acontecimentos em Antioquia (13.1-3)
- Acontecimentos em Chipre (13.4-12)
- Acontecimentos na Galácia (13.13-14.20)
- Acontecimentos no Regresso a Antioquia (14.21-28)
- O Concílio em Jerusalém (15.1-35)
- A Dissensão (15.1-5)
- O Debate (15.6-18)
- A Decisão (15.19-29)
- A Entrega da Carta em Antioquia (15.30-35)
- A Segunda Viagem Missionária (15.36-18.22)
- A Equipa Escolhida (15.36-40)
- As Igrejas Revisitadas (15.41-16.5)
- A Chamada à Europa (16.6-10)
- A Obra em Filipos (16.11-40)
- A Obra em Tessalónica, Beréia e Atenas (17.1-34)
- O Ministério em Corinto (18.1-17)
- A Conclusão da Viagem (18.18-22)
- A Terceira Viagem Missionária (18.23-21.26)
- Éfeso: O Poder da Palavra (18.23-19.40)
- Grécia (20.1-5)
- Ásia Menor: Trôade e os Presbíteros de Éfeso (20.6-38)
- De Mileto a Cesaréia (21.1-14)
- Paulo com a Igreja de Jerusalém (21.15-26)
- A Viagem para Roma (21.27-28.31)
- A Prisão e a Defesa de Paulo (21.27-22.29)
- Paulo Comparece Perante o Sinédrio (22.30-23.10)
- Paulo é Escoltado até Cesaréia (23.11-35)
- Paulo Defende-se Perante Félix (24.1-27)
- Paulo Defende-se Perante Festo (25.1-27)
- Paulo Defende-se Perante Agripa (26.1-32)
- Viagem e Naufrágio de Paulo (27.1-44)
- Paulo em Malta e dali para Roma (28.1-16)
- Paulo em Roma (28.17-31)
- A Primeira Viagem Missionária (13.1-14.28)
Pontos notáveis
- Atos é o segundo livro de Lucas endereçado a Teófilo (cf. Lc 1.3).
- É provável que, originalmente, o livro não tivesse título. Seu título nos manuscritos gregos é “Atos”, e alguns acrescentaram “dos Apóstolos”. A palavra grega traduzida por “atos” (praxeis) era muitas vezes usada para descrever as realizações de grandes homens. Atos, de facto, retrata personagens notáveis dos primeiros anos da igreja, especialmente Pedro (caps. 1-12) e Paulo (caps. 13-28). Porém, o livro poderia ser denominado mais apropriadamente de “Atos do Espírito Santo por meio dos apóstolos”, pois a obra soberana e superintendente do Espírito foi muito mais significativa do que a obra de qualquer homem. Era o ministério do Espírito que dirigia, controlava e dava poder; foi Ele quem fortaleceu a Igreja e gerou o crescimento em número, poder espiritual e influência da mesma.
- Lucas é mencionado apenas três vezes no NT – Cl 4.14; 2Tm 4.11; Fm 24.
- Lucas foi amigo íntimo, companheiro de viagem e médico pessoal de Paulo (Cl 4.14). Foi pesquisador esmerado (Lc 1.1-4) e historiador minucioso, demonstrando conhecimento profundo das leis e dos costumes romanos, bem como da geografia da Palestina, da Ásia Menor e da Itália.
- Ao escrever Atos, Lucas baseou-se em fontes escritas (15.23-29; 23.26-30) e, sem dúvida, entrevistou figuras-chave, tais como Pedro, João e outros na igreja de Jerusalém.
- Os dois anos de Paulo na prisão de Cesareia (24.27) deram a Lucas ampla oportunidade de entrevistar Filipe e suas filhas (que foram consideradas importantes fontes de informação a respeito dos primeiros dias da Igreja).
- O uso frequente que Lucas faz dos pronomes na primeira pessoa do plural “nós” e “nos” (16.10-17; 20.5-21,28; 27.1-28.16) revela que ele testemunhou pessoalmente muitos dos acontecimentos registados em Atos.
- Começando com a ascensão de Jesus, passando pelo nascimento da Igreja no dia de Pentecostes e prosseguindo até à pregação de Paulo em Roma, Atos regista a propagação do Evangelho e o crescimento da igreja (cf. 1.15; 2.41,47; 4.4; 5.14; 6.7; 9.31; 12.24; 13.49; 16.5; 19.20). Regista, igualmente, a crescente oposição ao Evangelho (cf. 2.13; 4.1-22; 5.17-42; 6.9-8.4; 12.1-5; 13.6-12,45-50; 14.2-6,19-20; 16.19-24; 17.5-9; 19.23-41; 21.27-36; 23.12-21; 28.24).
- Como o primeiro livro que trata da história da igreja, Atos regista a resposta inicial à grande comissão (Mt 28.19-20). O livro fornece informação sobre as primeiras três décadas da existência da Igreja – material não encontrado em nenhuma outra parte do NT.
- Embora não sendo uma obra primariamente doutrinária, Atos, no entanto, enfatiza que Jesus de Nazaré era o Messias de Israel há muito esperado, mostra que o Evangelho é oferecido a todos os homens (não apenas ao povo judeu) e sublinha a obra do Espírito Santo (mencionado mais de 50 vezes).
- Atos também faz uso frequente do AT: 2.17-21 (Jl 2.28-32); 2.25-28 (Sl 16.8-11); 2.35 (Sl 110.1); 4.11 (Sl 118.22); 4.25-26 (Sl 2.1-2); 7.49-50 (Is 66.1-2); 8.32-33 (Is 53.7-8); 28.26-27 (Is 6.9-10).
- A oração, tal como no evangelho de Lucas, é fortemente enfatizada e apresentada como um poderoso recurso na igreja primitiva. Quase todos os capítulos mencionam oração (1.14, 2.42; 3.1; 4.24; 6.4; 7.60; 8.15; 9.11; 10.2; 11.5; 12.5; 13.3; 14.23; 16.13; 20.36; 21.5; 22.17; 27.35; 28.15).
- São também notáveis as comparações e transições de Pedro para Paulo no livro. Lucas usa a técnica de transição entre os dois apóstolos como um “microcosmos” que ilustra as transições maiores que acontecem no “palco” do livro:
- Sendo Atos um livro de transições, isto precisa ser frisado quando se desejar retirar princípios didáticos deste livro, para não haver extrapolações em interpretações narrativas que não são normativas para a Igreja de hoje.
- Mal dá para imaginar o quanto a Bíblia ficaria empobrecida sem a segunda parte de Lucas-Atos. Não somente é facto que muitas lacunas são preenchidas neste livro, mas somos constantemente lembrados de que o Evangelho é a atividade de Deus no mundo – a salvação para todos por meio de Jesus Cristo e do Espírito.
- A frase “cheio do Espírito Santo” ocorre várias vezes no livro (2.4; 4.8,31; 6.3,5; 7.55; 9.17; 13.9,52). No AT, Deus o Pai é a pessoa divina em destaque e em maior atividade. Nos evangelhos, É Deus o Filho, e em Atos (e mesmo depois), é o Espírito Santo: