PROPAGAÇÃO DO EVANGELHO E TIPOS DE EVANGELHO
Motivo, conteúdo e objetivo estão interligados. Motivo é o elemento que impulsiona alguém para determinada ação. Objetivo é o que se espera atingir ou realizar. No caso dos evangelhos, os motivos foram as necessidades da comunidade, a carência de registos fidedignos sobre Cristo. O objetivo maior é a salvação das almas. O evangelho é o “poder de Deus para a salvação…” (Rm 1.16). A preposição “para” determina o objetivo.
Precisamos questionar hoje os motivos que nos movem como pregadores do evangelho. Nos dias de Paulo, foram observados motivos diversos (Fp 1.15-19): inveja, contenda, boa mente e amor. Contudo, disse o apóstolo, importa que o evangelho seja pregado. Isto porque, mesmo com motivos errados, o objetivo pode, eventualmente, ser atingido, ou seja, mesmo que alguém pregue por inveja muitos podem ser salvos, já que o evangelho é o poder de Deus. Não obstante, o mau obreiro não ficará impune.1
O problema torna-se maior quando aos motivos errados se somam objetivos estranhos ao evangelho. Então, o próprio conteúdo passa a ser deformado a fim de atingir propósitos escusos (2Pe 2.1-3). Observa-se então o surgimento de um “evangelho comercial”, onde as pessoas são estimuladas a fazerem negócios com Deus. Desse pensamento surge o “evangelho da prosperidade”, o qual deixa para segundo plano a questão da salvação das almas e se dedica à salvação do orçamento. Toda bênção material sempre será bem-vinda, contudo, não podemos fazer disso o propósito do evangelho nem efeito essencial da sua eficácia. Zacarias profetizou sobre Cristo, apresentando-O como um rei pobre, humilde e que vinha montado em um jumentinho, quando o natural seria um rei rico montado num elegante cavalo. Contudo, o profeta diz que o Messias é justo e salvador. Eis aí o valor e o propósito do evangelho: justiça e salvação (Zc 9.9). Cai no mesmo erro a Teologia da libertação, a qual interpreta a salvação e a libertação oferecidas por Cristo como um rompimento das opressões sociais.
Cabe a cada cristão o zelo pelo evangelho bíblico e por seu legítimo objetivo. Que não sejamos mercadores da palavra de Deus. É legítimo o sustento aos que trabalham na obra de Deus. O erro consiste em fazer do benefício pessoal a causa da obra. Igreja não é empresa. Ministério não é profissão. Evangelho não é negócio.
1 “VALE TUDO PARA PREGAR A CRISTO? – Augustus Nicodemus (08.08.2014 in facebook)”