2Coríntios

Autor Paulo (e Timóteo)

Há pouco debate quanto à autoria desta carta. Ela foi escrita na Macedónia (cf. 7.5; 8.1; 9.2-4), depois de Paulo deixar Éfeso a fim de completar o circuito de coleta pela Macedónia e Acaia em preparação para enviar a oferta em dinheiro para a igreja de Jerusalém.

Data 55-56 d.C.

Verso  “Segunda aos coríntios defende a posição do apóstolo escolhido após a ressurreição.”

Versículos chave 3.5-6 (4.5-6; 5.17-19)

Propósito Reconquistar os coríntios a uma verdadeira lealdade ao evangelho confrontando a sua aceitação de falsos mestres com um ministério realmente cristão e digno de ser seguido.

Mensagem Um ministério digno de ser seguido reflete o poder da vida na Nova Aliança àqueles cuja lealdade a Cristo Ele busca renovar.

Contribuição para o Cânon (Porque este livro está na Bíblia?)

  • É o livro mais pessoal no NT; o que revela mais detalhes sobre a vida do grande apóstolo Paulo.
  • Expõe o contraste entre as alianças (velha e nova – cap. 3), a graça de dar (caps. 8-9), alguns aspectos de escatologia (cap. 5) e a estratégia de Satanás (Caps. 2, 4, 11 e 12).

Esboço

  1. Introdução (1.1-11)
  2. Explicação do ministério de Paulo (1.12-7.16)
    1. A mudança nos planos de Paulo (1.12-2.13)
    2. A filosofia (descrição) do ministério de Paulo (2.14-6.10)
    3. Exortação (6.11-7.16)
  3.  A coleta para os santos (8-9)
    1. O exemplo das igrejas da Macedónia (8.1-6)
    2. A exortação aos coríntios (8.7-9.15)
  4. A defesa do apostolado de Paulo (10.1-13.14)
    1. Resposta às acusações (10)
    2. Defesa e testemunha (11.1-12.13)
    3. Próxima visita (12.14-13.10)
  5. Conclusão (13.11-14)

Pontos notáveis

  • Entre as epístolas de Paulo, 2Coríntios talvez seja a mais pessoal e a mais emocional; a que contém menos “estrutura” e menos “doutrina”, mas é a que mais transmite uma visão clara da carreira do apóstolo.
  • Indicações a respeito da aparência de Paulo: “presença fraca e palavra desprezível” (10.9-10); “falto no falar” (11.5-6); “espinho na carne” – deficiência nos olhos? (12.7-9)
  • O testemunho do apostolado de Paulo é o que dá credibilidade às suas epístolas. Se não crermos que Paulo era apóstolo, como creremos que os seus escritos foram inspirados por Deus? Sim, Paulo era apóstolo e suas epístolas foram inspiradas por Deus (2Tm 3.16-17; 2Pe 3.15-16).
  • Esta carta apresenta uma mistura de sentimentos em Paulo: alegria pelo ministério; sofrimento no desenvolver da obra evangelística; e tristeza pela desconformidade da igreja em relação ao seu apostolado.
  • 2Coríntios é, na verdade, uma unidade, como foi primorosamente afirmado por Theodore Zahn[1]: “Em espírito o leitor segue Paulo de Éfeso, por Trôade até à Macedónia (caps. 1-7); daí permanece com ele por um momento nas igrejas da Macedónia (caps. 8-9); finalmente ele é levado à consideração das condições na igreja em Corinto do ponto de vista da futura visita de Paulo àquela cidade (caps. 10-13). As três seções da carta tratam, respectivamente, o passado imediato seus mal-entendidos e explicações, o presente com seus problemas práticos, e o futuro com suas ansiedades.
  • Nesta carta Paulo descreve a natureza da contribuição dos crentes:Imagem23
  • Dois fatores levaram Paulo a escrever 2Coríntios e ambos estavam relacionados à chegada do seu assistente pastoral, Tito, à Macedónia. Paulo esperara encontrar Tito em Trôade e a ausência do seu cooperador lá deixou Paulo tão inquieto que deixou para trás uma vibrante oportunidade de ministério (2.12-13) e correu para a Macedónia. Lá ele encontrou Tito, que lhe trouxe boas e más notícias. A boa notícia era que a maioria da igreja em Corinto reagira favoravelmente à “carta severa” (2.4,9; 7.6-16). A má notícia era a existência de um grupo que continuava a opor-se a Paulo e a minar a sua autoridade, agora sob o amparo de alguns homens que se declaravam superiores a Paulo e mais dignos da obediência e do apoio da igreja.
  • A fim de garantir o controlo recém-ganhado sobre os coríntios, os pseudolíderes tentaram minar e destruir a autoridade apostólica de Paulo. Eles atacaram Paulo de todos os ângulos:
    1. Sua aparência era impressionante à distância, mas fraca e desprezível quando pessoalmente presente (10.1-2,9-11; 11.6; 13.3,4,9);
    2. Sua autoridade era duvidosa, visto que não carregava nenhuma carta de recomendação (3.1; 10.13-14), e ele não podia curar, estando ele mesmo enfermo (12.7-10).
    3. Suas ações eram questionáveis por ser ele imprevisível, constantemente mudando os seus planos (1.17-18; 10.2-4) e mostrando-se indigno de confiança, visto que não recebia remuneração por seu ministério (11.5,7-11,13; 12.11-15; 13.3,6), mas tinha organizado uma coleta para os santos em Jerusalém, cujos fundos alegadamente teriam acabado nos seus bolsos (12.16-18).
    4. Sua atitude era reprovável pela maneira como ele exercia autoridade excessiva sobre os seus convertidos (1.24; 7.2), em que ele se vangloriava indevidamente (4.2,5; 5.12; 6.4; 10.12,18; 12.11), e que exagerava nas afirmações sobre as suas experiências religiosas (5.13).
  • Nesta carta, Paulo apresenta as seguintes características / qualidades de Cristo:Imagem24
  • A importância desta carta para a história bíblica não deve ser depreciada por causa da sua dimensão fortemente pessoal. Em jogo está o próprio caráter de Deus – a Sua graça amorosa expressa mais extraordinariamente na fraqueza da cruz, que Paulo insiste também ser a única verdadeira expressão de discipulado. Disso decorre a prontidão de Paulo para se gloriar em suas fraquezas, visto que elas servem para magnificar o evangelho da graça, o verdadeiro poder de Deus atuando no mundo.
  • Embora se trate de uma carta intensamente pessoal, escrita por um apóstolo no ardor da batalha contra aqueles que atacavam a sua credibilidade, 2Coríntios contém diversos temas teológicos importantes:
    • Retrata Deus, o Pai, como um consolador misericordioso (1.3; 7.6), o Criador (4.6), Aquele que ressuscitou Jesus da morte (4.14; cf. 13.4), e que ressuscitará os cristãos também (1.9).
    • Jesus Cristo é Aquele que sofreu (1.5), que cumpriu as promessas de Deus (1.20), que foi o Senhor proclamado (4.5), que manifestou a glória de Deus (4.6) e Aquele que, em Sua encarnação, se tornou pobre para os crentes (8.9; cf. Fp 2.5-8).
    • Retrata o Espírito Santo como Deus (3.17-18) e o penhor da salvação dos cristãos (1.22; 5.5).
    • Satanás é identificado como o “deus deste século” (4.4; cf. 1Jo 5.19), um enganador (11.14) e o líder dos homens e dos anjos enganadores (11.15).
    • O fim dos tempos inclui tanto a glorificação do cristão (4.16-5.8) quanto o castigo de Satanás (5.10).
    • A verdade gloriosa da soberania de Deus na salvação é o tema de 5.14-21, enquanto 7.9-10 relata a resposta do ser humano à oferta da salvação por parte de Deus – o genuíno arrependimento.
    • Apresenta o resumo mais claro e conciso a respeito da expiação substitutiva de Cristo encontrado em toda a Escritura (5.21; cf. Is 53).
    • Define a missão da igreja de proclamar a reconciliação (5.18-20).
    • A natureza da Nova Aliança recebe a sua exposição mais completa fora do livro de Hebreus (3.6-16).
  • A saudação final (13.11-13) contém uma exortação ao aperfeiçoamento mútuo (καταρτίζεςθε [katartizesthe]) e à união, uma saudação e uma bênção.

Bibliografia

[1] Theodor Zahn (1838-1933) foi um teólogo protestante alemão e estudioso das Escrituras.